Friday, September 01, 2006,1:38 PM
Quem vive de passado eh museu. Mas ate que nao eh tao ruim assim se for um Louvre!
Acho que devia ter por volta de 15 anos quando um japones vendedor de plantas me disse que eu vivia muito do futuro e do passado e que eu deveria me concentrar mais no presente. Naquele dia vi que a observacao fazia sentido. Hoje, mais do que isso, dou a ele toda a razao.

Ja faz quase dois anos que estou aqui e ainda me lembro de todos os momentos que antecederam minha partida, meus primeiros dias aqui e todas as mudancas e sentimentos que floriram em tao larga escala na minha vida durante esse curto periodo.

Durante as 9 horas de voo para ca, nao conseguia nem pensar nas pessoas que havia deixado pra tras, pois doia a ideia de nao ve-los por um ano, tempo que entao parecia uma eternidade. A saudade corroia, principalmente nos dois primeiros meses, mas depois fui fazendo amigos, curtindo as novas experiencias e conhecimentos que essas grandes ferias da minha vida real me traziam. Vivi cada momento e cada emocao intensamente. Eh engracado, mas parece que aqui tudo o que passei, tudo o que senti tinha uma dimensao muito maior do que no Brasil. Talvez por saber que era uma fase da minha vida com data certa para acabar, tinha uma gana de aproveitar o maximo possivel. E aqui estou eu, a tres meses de voltar, e com a sencacao de que vivi pelo menos uns 5 anos em dois, dada a rapidez com que tudo passou e a quantidade de coisas que vivenciei.

Tudo isso me fez finalmente perceber o quanto a vida eh curta e as consequencias disso sao maravilhosas: surgiu em mim uma necessidade de aproveitar o momento, ser menos responsavel e mais brincalhona, seguir meus impulsos, intuicoes, aproveitar as chances que a vida me da, por mais loucas e arriscadas que elas possam parecer. Claro que nao mudei radicalmente como gostaria, pois como escrevi no post anterior, isso nunca acontece. Mas fico feliz em saber que essa aresta tambem ja esta sendo aparada.

Ainda penso muito no futuro, fazendo planos que talvez nao se realizarao ou terao que ser remodulados, e, principalmente, no passado. Mas acredito que nao ha como fugir disso. Afinal, a beleza do presente esta justamente nessa fluidez que torna impossivel o seu aprisionamento. Eh tao curto comparado com a imensidao do passado e do futuro...

Entao ainda continuo uma pessoa meio museu, sempre visitando o que ja se foi. Mas hoje vejo que isso nao eh tao ruim. Apenas mostra que quando tive a chance, vivi meu presente com maestria, colecionando momentos que tornam o meu passado quase um louvre. So nao digo que ele eh replica exata do famoso patrimonio frances porque o meu eh muito composto de pequenas obras, que aos olhos de muitos podem ate parecer insignificantes. Mas no conjunto, formam recordacoes tao boas, que o ato de relembrar se torna extremamente prazeroso.

Ja estou com saudades daqui, de tudo o que vivi, de todos os que passaram e daqueles que ficarao para sempre na minha vida.

Ja sinto falta de:
-passar horas com a Ba, a Cris e a Melissa no telefone;
- ir para o starbucks durante os dias de frio, tomar um frapuccino e ler um bom livro, ou passar horas conversando com as meninas;
-buscar a Ba no lexus do meu host, escutando Jack Johnson;
- ir a lugares que nao eram a minha cara, mas que se tornavam agradaveis pelo fato de estar com a pessoa que amava;
-da intensidade de tudo o que vivi com o Nathan, apesar de perceber que termos terminado foi, no final das contas, uma decisao super acertada;
-do meu quarto na casa dos meus hosts;
-das manhas cinzas e frias do inverno;
-das minhas viagens;
- de todos que passaram na minha vida, mesmo que por um curto perido
- do bazzar
- de tomar porres com a Ba
- de me matar de rir com ela, por tudo e qualquer coisa
- das criancas, principalmente do Jack e da Mary Preston
- de fazer super compras na Filines
- da primeira e segunda fases da brotherhood
- passar o dia todo na cama`lendo o New York Times
- dancar hip hop como as americanas e se matar de rir
- e muito, muito mais.
 
posted by Renata
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