Hoje, pela milesima vez, assisti ao filme Closer. Nao sei bem o porque, mas ele me fascina. Talvez porque ilustre perfeitamente a complexidade dos relacionamentos, o desgaste que a um certo ponto nao permite mais retorno. Eh como se estivessemos numa corda bamba, sempre testando limites, mas uma vez que eles sao ultrapassados, ou melhor, violados, nao ha mais volta e resta apenas o amargo desejo de que voce nunca tivesse entrado nessa roleta russa.
Surge entao aquele classico momento em que, durante um termino, um dos dois tenta desesperadamente usar toda a argumentacao possivel pra fazer o outro mudar de ideia, dar uma nova chance. Mas essa chance ja foi repetida de tal forma a enfraquecer os sentimentos, a fazer com que tudo aquilo ja nao valha mais a pena. E para quem fica, a sensacao de impotencia eh devastadora. Eh como se o poder de decisao sobre a nossa vida, a nossa felicidade estivesse sendo arrancado e depositado nas maos de alguem que se recusa a ouvir, a entender.
Mas a cena mais angustiante eh aquela em que a Julia Roberts apaga a luz, vira para o lado e tenta dormir ao lado do marido. Apesar de nao haver dialogo, ela tem tanta forca que consigo enxergar ela pensando no Dan (Jude Law), sentindo o peso de ter optado pelo caminho mais comodo, de nao ter arriscado, de ter perdido a chance e recebido como premio de consolacao uma vida morna, calma, sem o impulso trazido por sentimentos extremos.
Isso me remete ao livro "The age of Innocence", que li ha umas duas semanas. Eles fizeram ate um filme, ha uns 10 anos, com a Michelle Pfeiffer. A historia eh basicamente de duas pessoas que se amam intensamente, mas o homem esta prestes a casar. Os dois passam a vida toda desperdicando as oportunidades que a vida tras, pois tem medo de tormar um rumo desconhecido, perigoso. Quando o cara, ja sufocado pela mesmice da sua vida, decide jogar tudo pro algo e arriscar, uma serie de circunstancias impossibilita essa atitude e ele se ve condenado a passar o resto dos anos como mero espectador de sua propria vida. Ja velhos, os dois tem novamente a chance de se reencontrar, mas ele simplesmente evita a ocasiao, consciente de que a oportunidade ja havia sido perdida ha muito tempo.
Eu li isso em algum lugar e ilustra um pouco da minha ideia de amor. "ANYTHING LESS THAN A MAD, PASSIONATE LOVE IS A WASTE OF TIME. MANY THINGS IN THIS WORLD ARE MEDIOCRE. LOVE SHOULDN'T BE ONE OF THEM.